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OPINIÃO: Do passado à construção do futuro

Esvaíram-se as esperanças de conquista do hexa, antes mesmo, talvez, da desclassificação diante dos diabos rubros belgas, em razão do futebol pouco mais que medíocre - de mediano, do que está no meio, do que é vulgar, comum - apresentado pelas novas "ovelhinhas do Tite" (quem é do ramo entenderá, quem não é, paciência, ficarei devendo a explicação).

Falei em antes mesmo da desclassificação formal, porquanto, a mim pelo menos, parecia evidente a escassa aptidão de boa parte dos eleitos pelo Adenor para com os afazeres técnicos da seleção e para a relação anímica com o "esquadrão canarinho" (pus entre aspas pela caducidade da expressão). E não estou pretendendo dizer que esses atletas são maus jogadores ou que algum deles seja apenas um desprezível perna de pau. Não, estou apenas afirmando que eles, mesmo sendo bons jogadores em seus clubes, não encarnam personagens capazes de ombrear com outras tantas que nos legaram vitórias em Copas passadas. Flagrantemente, vários deles não se sentem confortáveis, à vontade, com as vestes da seleção.

De igual sorte parece que o estilo "pregador religioso" de Tite e seu aferrado apego à ideia de lealdade àqueles que o ajudaram antes (nas eliminatórias sul-americanas), desconsiderando a realidade presente, e a dose de teimosia característica de todos os treinadores, que, normalmente, se disfarça e protege como "conhecimento/domínio do vestiário" colaboraram decisivamente para o insucesso. E, para coroar isso tudo, a imaturidade e o deslumbramento do nosso maior talento. O fracasso e o naufrágio da seleção nesta edição do Mundial foram o fracasso e o naufrágio pessoais de Neymar Júnior.

Mas a Copa é passado. Nosso problema é o futuro, é o amanhã, o que virá. O tempo nos atropela, o futuro é logo ali e estamos todos órfãos. De seleção e de esperanças com mínimo assento na realidade, de esperanças risonhas mas centradas na palpabilidade do que se possa anunciar provável, possível, ajustado aos interesses fundamentais do conjunto da sociedade brasileira.

Esperanças calcadas no aventureirismo truculento de uns ou no sebastianismo salvacionista de outros não podem vingar porque se esboroarão no primeiro contato com a realidade. Tampouco vingarão esperanças centradas na ideia de que tudo se resolverá simplesmente porque "Deus é brasileiro". A propósito, quanto a Deus ser brasileiro, não sei; já em relação ao Diabo, tenho quase certeza.

Mas o demo não é invencível, E, independentemente das cores de suas vestes, podemos vencê-lo. Venha ele de escarlate, de verde-oliva, de amarelo ou venha multicolorido, sua essência continuará sendo a mesma e só nos deixaremos enganar, se quisermos. E, tenho certeza, não queremos. Essa, nossa inadiável tarefa, nosso intransferível e urgente compromisso com o futuro.

Compete-nos repaginar o Brasil e, para isso, temos em nossas mãos o mais fabuloso dos instrumentos de refazimento de caminhos políticos e de transformação social, que é o voto. Que não o desperdicemos. Vamos recriar a esperança!

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